terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Projetos sem segunda chance

Magazine - O Tempo
Política cultural. Empreendedores mineiros tiveram negado pedido
de prorrogação para captar projetos do edital estadual 2008
Projetos sem segunda chance
Igor Costoli
Especial para O Tempo

A esperança de vários empreendedores culturais do Estado chegou ao fim. De forma coletiva e individual, artistas e grupos solicitaram à Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais que ampliasse o prazo final para a captação de recursos dos projetos aprovados no edital 2008, mas a proposta foi negada.
Com a decisão da Secretaria, permanece o próximo dia 30 de dezembro como data-limite para os empreendedores encontrarem um incentivador para seus projetos e darem entrada no processo formal de captação.
Na metade do ano, com o cenário de captação no Estado já desolador, o produtor cultural Cristiano Pena tomou a frente da criação da Recult (Rede de Empreendedores Culturais), que reúne cerca de 500 grupos, produtores e artistas do interior e da capital. "Fiz contato com outros proponentes e vimos que pouquíssimos projetos foram captados. Então nos mobilizamos para atuar de forma coletiva. Participamos de três reuniões convocadas pela Secretaria para rever o edital e encaminhamos propostas de mudança", explica.
Havia uma expectativa positiva por parte dos quase 500 integrantes da rede quanto à dilatação do prazo para obtenção de recursos, o que acabou não acontecendo. "Temos colegas na rede que são advogados. Não há nada no corpo da lei que proíba uma prorrogação. Por isso vimos a necessidade de uma avaliação que leve em conta esse ano atípico", diz. Contudo, a Secretaria de Cultura informou ao Magazineque, no entendimento de seu setor jurídico, a prorrogação era impossível por
restrições do edital.
A produtora Bárbara Bos conta que também teve dificuldades para realizar o Festival Estudantil de Teatro (Feto). "As empresas, de modo geral, disseram ‘não’ sem exceções", afirma.
O Feto teve aprovada verba para realizar edições do festival em Barbacena, Uberaba e Governador
Valadares, que não aconteceram. "Conversamos com o secretário de Cultura, ele deu abertura para as reuniões, mas infelizmente não andou mais", comenta. Pena tem pensamento semelhante. "Fomos até onde foi possível. Agora vamos comunicar a decisão na rede e ver o que os colegas sugerem", diz. Ambos concordam que é preciso continuar pensando soluções.

Mudanças
Recult espera manter atuação
A Recult – Rede de Empreendedores Culturais promete continuar agindo em 2010. “A rede é para ser um local inclusivo, participativo e apartidário de troca de experiencias entre os empreendedores”, explica o idealizador da rede, Cristiano Pena.
Segundo ele, a rede realizou três encontros com o secretário de Cultura e foram apresentadas propostas de mudanças na lei e alternativas para o problema pelo qual passou o fomento cultural em 2009. “A gente busca uma forma digna para o nosso trabalho. Precisamos criar outras formas de possibilitar a criação artística”, explica.
Uma das principais ações a serem feitas é com o setor empresarial. Apesar do investimento em cultura ter custo zero na renúncia, a mentalidade do empresariado no Estado foi de total retração.
“Menos de 200 foram captados, isso não é irrelevante. A lei estadual tem uma importância que falta ser potencializada entre os empresários”, afirma. (IC)
Publicado em: 22/12/2009

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